Desde 1850, datando a revolução industrial do século XIX, a queima de combustíveis fósseis é realizada para alimentar energeticamente os processos produtivos. E isto resulta na emissão de gases de efeito estufa. Ao longo dos anos, as emissões cresceram concomitantemente à produção industrial, supressão de florestas, aumento dos meios de transportes, impermeabilização do solo para avanço das cidades e outras atividades, causando o aumento da temperatura e da insegurança alimentar, além de prejudicar a economia e as condições de vida no planeta. Para reverter o cenário, cientistas concluem que não há outra forma, se não a descarbonização das economias e sociedades.
A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que, se nada for feito, chegaremos a 2100 com uma temperatura média 3,7 Cº acima do período pré-revolução industrial. As consequências disso passam por eventos extremos, riscos físicos às cidades e aos ativos de infraestrutura e de produção, e podem até mesmo comprometer a sobrevivência das espécies e dos negócios.
Embora as emissões já sejam consideradas entre os principais riscos globais nos Relatórios do Fórum Econômico Mundial, desde a chegada da pandemia a pressão por metas mais claras e arrojadas para os cuidados climáticos tem feito com que países, setores produtivos e grandes empresas ampliem ações de descarbonização.
Basicamente, é preciso reduzir drasticamente a emissão de gás carbônico e demais gases de efeito estufa, além de manter os catalisadores naturais de carbono, como oceanos, e a regeneração de solos. No entanto, a descarbonização afeta as esferas econômica e social, de modo que países e setores industriais buscam fazê-lo paulatinamente, à medida que substituem atividades econômicas intensivas na emissão de carbono por outras que reduzam ou neutralizem as emissões. Isto, contudo, causará transformações no mercado de trabalho, pois demanda a transição de empregos para uma nova economia de baixo carbono.
Além de alcançarmos o máximo de redução das emissões, precisamos nos concentrar na conservação da vegetação, do solo e dos oceanos, que são os “filtros naturais” capazes de reter metade da demanda necessária para neutralizar o gás carbônico emitido para a atmosfera. Não por menos, os debates a esse respeito crescem vertiginosamente e o Brasil tem papel central tanto por obter uma matriz energética majoritariamente renovável, como também por abrigar a maior floresta tropical do mundo, a Amazônia.
O Acordo de Paris substituiu o Protocolo de Quioto (COP-3) e tem como principal meta a limitação do aumento de temperatura, conforme relatado anteriormente. O tratado recomenda o estímulo financeiro e tecnológico por parte dos países desenvolvidos para ajudar os países em desenvolvimento a cumprir as metas de descarbonização. Além disso, é parte do Acordo de Paris a promoção e a transferência tecnológica para capacitação de países e empresas às mudanças climáticas.
Inicialmente, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) estabeleceu a necessidade de redução média de 5% nas emissões, em comparação com os níveis de 1990, durante o período de cinco anos (entre 2008 e 2012). A segunda fase foi de 2013 a 2020, com as partes se comprometendo a reduzirem as emissões de gases do efeito estufa em pelo menos 18%. Atualmente, a recomendação é que o mundo reduza 50% das emissões até 2050, o que representa neutralizar o efeito das emissões.